Este fim de semana estive "de rodriguez". Passo a explicar esta pérola idiomática e cultural de nuestros hermanos.
A expressão "de rodríguez" aplica-se a uma realidade que começou a verificar-se nos anos 70, mais coisa menos coisa, e se refere à debandada generalizada das esposas e filhos para os pueblos - ou para as costas no caso dos mais adinheirados com segundas residências na praia - a partir de finais de junho e durante o mês de julho, até que em agosto o chefe de família tinha férias e se reunia ao resto da familia.
Para os machos latinos, apelidados genericamente "rodríguez", esta experiência tinha um sabor agridoce. Doce porque eram "livres" para fazer o que bem entendessem sem o controle social das mulheres (as suas e as dos amigos), o que invariavelmente remete para o imaginário das noitadas de copos e seduçao com os restantes "rodriguez" pelos bares das cidades (há vários filmes desta década bastante ilustrativos deste conceito). Agrio porque supostamente estamos a falar de uma geração de ineptos nas lides domésticas (outra leitura é a de que se tratava de uma sociedade bastante machista a este respeito) que esgotavam a roupa limpa, não comiam nunca em casa dado que não sabiam estrelar um ovo, e que bem lá no fundo estavam desejosos de regressar ao regime de "tudo incluido", vigente durante o resto do ano.
Os tempos mudaram mas a expressão ficou. Tanto serve para homens como mulheres que, em momentos pontuais, passam uns dias sozinhos em casa, sem a companhia dos respectivos, dias que se aproveitam para fazer o que nos da na real gana, para nao ter obrigações, uma especie de liberação da rotina.
E pronto, depois da explicação cultural, resta-me dizer que o meu príncipe foi a uma despedida de solteiro de um amigo e eu fiquei com dois dias e meio pela frente só para mim. Yeiiiiiii:)
Claro está que de tudo o que pensava fazer não fiz nem um terço (característica típica de estar "de rodríguez"). Primeiro porque tive a má sorte de acumular um entupimento que além de umas décimas de febre não me deixou respirar e descansar durante a noite. E depois porque já estou altamente espanholizada no que se refere à galderice. E o que era suposto ser uma cervejola na esplanada às 6h da tarde transformou-se numa sessão de galhofa que durou até às 11 da noite, sexta e sábado.
Ainda assim dei um saltinho às "rebajas" e comprei um vestido onda surfista da Quicksilver e um pijamita na Womens Secret. Além de ter deitado o olho a mais umas quantas coisitas, entre elas um bikini na Vanity Fair, mas que requer uma segunda opinião de alguém que não ganhe comissão com a sua venda.
E pronto, hoje o dia já vai adiantado e ainda não fiz nada de jeito. Bem, ouvi pela terceira vez o Cd que me gravou a professora de danças orientais, tomei um pequeno almoço demorado na pastelaría a que costumo ir aos domingos, li o editorial do A. Pérez-Reverte de quem sou fã por ser tão políticamente incorrecto e por partilhar grande parte das suas opinões, e agora estou aqui a escrever este post.
Se estar de rodríguez não é isso, então não sei o que será:)
De qualquer forma, quando o príncipe regressar esta noite, o dia vai ser ainda melhor.
M.
1 comentário:
me encanta!! Este blog não tem comentários porquê minha gente? Gosto da maneira como escreve, continue!!
Cumprimentos,
X.
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